Heráldica no Futebol
7. Cruz Templária
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A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão foi uma organização militar e religiosa fundada em 1118, em Jerusalém, por um grupo de franceses que tinham participado da Cruzada de Godofredo de Bulhões. Os Templários tinham esse nome porque se instalaram no palácio vizinho ao Templo de Salomão.
Estabeleceram-se em Portugal a partir de 1125, onde exerceram forte influência política e possuíam muitas riquezas doadas pela Coroa Portuguesa. Tinham sede na cidade de Tomar.
Pelo que pesquisei, não havia um só padrão de cruz dos cavaleiros templários. Segundo heraldistas franceses, ela era uma cruz pátea (característica que analisaremos em capítulo próprio), firmada (i.e., cujas hastes vão até as bordas do escudo) e vermelha.
No entanto, os Templários também utilizaram a Cruz de Santo Antão (equivocadamente chamada de Santo Antônio), assim chamada porque os cônegos de Santo Antão usavam hábito negro com um T azul, no peito (cf. Matos e Bandeira, p. 106). É uma cruz pátea, i.e., de linhas ligeiramente côncavas (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, v. 8, p. 154), em forma de T – por isso chamada “comissa”, ou “cruz de tau” (tau é a letra grega que equivale, em som e forma, ao T do alfabeto latino) –, T de Templários. Como no castelo de Ponferrada, na Espanha (cf. Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana, t. 60, p. 737).
Já em Portugal, os templários usaram uma cruz cujas hastes terminavam exteriormente com quatro arcos de um círculo cujo centro é o centro da cruz. Garrett chamou-a de “cruz orbicular”.
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Entre os clubes brasileiros de futebol, não encontrei nem um que utilizasse a Cruz de Santo Antão. Os escudos do CR Tietê, de São Paulo, do Transauto AC, de São Caetano do Sul (SP), e da AA Tiradentes, de Belém (PA), são dominados pela letra T, não pela Cruz de Santo Antão, que é pátea. O Luiz Correia SC, de Luiz Correia (PI), possui o que pode ser uma autêntica cruz comissa e firmada (não é a Cruz de Santo Antão), já que, pelo nome do clube, não se pode confundi-la com uma letra T.
Também não é muito comum o uso da cruz orbicular. Encontrei pelo menos o EC Monte Mor, da cidade paulista de mesmo nome, e o CA Piranhas, de Jardim das Piranhas (RN).
Há quem chame de templária a grande cruz vermelha da camisa 3 do Vasco de 2010. No entanto, como veremos a seguir, essa cruz, embora firmada nas bordas da camisa, não é pátea. Então, não é a templária.
Escudo do EC Monte Mor, de Monte Mor (SP)
Escudo do CA Piranhas, de Jardim das Piranhas (RN)
Escudo do CR Tietê, de São Paulo (SP). Não é a Cruz de Santo Antão, mas apenas a inicial do nome do clube
Escudo do Transauto AC, de São Caetano do Sul (SP). Também não é a Cruz de Santo Antão, mas a inicial do nome
Escudo da AA Tiradentes, de Belém (PA). Idem.
Introdução Cruz Savóia Santo André São Jorge Santiago Avis Malta Templária Cristo Pátea Missioneira Cruzeiro do Sul Cruzes não Identificadas Bibliografia