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1. Cruz de Savóia

Savóia era um condado, depois ducado, que ocupava parte do Piemonte (atualmente na Itália) e da Savóia (atualmente na França). Seus governantes eram de uma dinastia conhecida pelo mesmo nome: Casa de Savóia. Em 1720, os Savóias agregaram o título de reis da Sardenha e, com a unificação da Itália, em 1861, passaram a deter o trono de reis da Itália, até 1946, quando foi proclamada a República.

A Casa de Savóia tinha no escudo uma cruz branca (prata), firmada (i.e., cujas hastes alcançam as bordas do escudo) sobre fundo vermelho (“goles” ou “gules”). Quando estava no poder, premiava as pessoas de mérito com medalhas da Ordem Civil e da Ordem Militar de Savóia. A medalha da Ordem Civil era composta de uma cruz de ouro e, no centro, um círculo com as iniciais do fundador, Vittorio Emanuelle II – primeiro rei da Itália unificada. Já a medalha da Ordem Militar continha, no círculo central, uma cruz branca sobre fundo vermelho. É o que se tem chamado de “Cruz de Savóia”, embora o Nouveau Larousse Illustré (t. 3, p. 418) afirme que as cruzes adotadas pelas casas reais – e exemplifica expressamente com a de Savóia – não têm um nome para cada uma delas.

Os heraldistas costumam divergir sobre o significado das cores. No entanto, em linhas gerais, a cor prata (branca) costuma significar pureza e inocência. E, para alguns (Poliano, Moya), o “goles” (vermelho) pode significar, entre outras coisas, derramamento de sangue em batalha, i.e., vitória sangrenta sobre os inimigos. Daí que uma das interpretações para essa combinação de cores da chamada Cruz de Savóia é que, para se chegar à paz (branco), é preciso sangrar (vermelho).

Na realidade, muitas famílias da nobreza européia trazem uma cruz para recordar a participação nas Cruzadas. Por isso, segundo Pedro Baltasar de Andrade, a Casa de Savóia tem esse escudo como lembrança por ter socorrido a ilha de Rodes, quando estava sitiada pelos turcos.

Armas da Casa de Savóia
Armas da Casa de Savóia

Cruz da Bandeira da Suiça
Bandeira da Suíça.

Notem que, apesar de ter uma cruz branca sobre fundo vermelho, as hastes da cruz não alcançam as bordas da bandeira (ou seja, não é “firmada”, mas “solta” ou “suspensa”, como se diz na heráldica), ao contrário da Cruz de Savóia.

Nos seus primórdios, o Palestra Itália usava na camisa uma Cruz de Savóia. Consta que, nessa homenagem à Casa real italiana, se inspirou no escudo do Pro Vercelli, time italiano que havia feito uma excursão pelo Brasil em 1914. Para seu primeiro jogo, o Palestra buscou outro time de “oriundi”: o Sport Club Savóia (atual Clube Atlético de Votorantim), de Votorantim, então distrito de Sorocaba.

O Savóia, evidentemente, também homenageava a dinastia que reinava então na Itália. Mas a cruz grega (i.e., de hastes iguais) que ele carrega no escudo não é a de Savóia: é branca (prata), mas sobre fundo azul (“blau” ou “azur”), em vez de fundo vermelho.

A Cruz de Savóia voltou ao uniforme palmeirense numa camisa comemorativa branca, em 2004, para comemorar os noventa anos do clube. Foi usada no Feriado da Independência do Brasil, numa derrota por 3x1 para o Cruzeiro. Depois, retornou mais uma vez em 2009 na camisa 3, alvi-anil – ver nosso artigo “Camisas de clubes de cores diferentes”.

Escudo do Pro Vercelli
Escudo do Pro Vercelli

Escudo do Palestra Itália
Antigo escudo do Palestra Italia. Notem que seu formato não é o mesmo do Pro Vercelli, nem da Medalha, muito menos das Armas da Casa de Savóia. Isso mostra como a Cruz de Savóia se caracteriza mais pela combinação de cores que pelo formato.

Camisa do Palmeiras em 2009
Camisa 3 do Palmeiras em 2009, com o retorno da Cruz de Savóia.

Escudo do Savóia de Votorantim (SP)
Escudo do Savóia, de Votorantim (SP).
A cruz não é firmada, mas solta (suspensa), então também não é a Cruz de Savóia.

INTRODUÇÃO Cruz de Savóia CRUZ SANTO ANDRÉ