Nome
O nome Fluminense surgiu na reunião de fundação do clube, em 21 de julho de 1902. Apesar de a ideia inicial ter recaído sobre Rio Football Club, acabou prevalecendo Fluminense, derivado do latim flumen, que significa "rio". O termo também é usado para se referir aos nativos do Estado do Rio de Janeiro (Flumen Januarii, em latim), desde a Constituição brasileira de 1891.
Escudo
Com relação ao formato, o tipo de escudo do Fluminense segue o padrão suíço dos século XVIII e XIX, tendo Oscar Alfredo Cox estudado neste país no século XIX antes de voltar ao Brasil para introduzir o futebol de forma organizada no Rio de Janeiro, o que parece indicar de forma ainda mais segura, a origem da inspiração para a formação do escudo tricolor, que tem grafadas as iniciais do clube entrelaçadas em seu conteúdo. O estilo das letras é gótico, tipo Old English, cuja origem remonta ao Norte dos Alpes, na região hoje com o nome de Alemanha, fronteira com a Suíça.
As três estrelas
As três estrelas acima do escudo do Fluminense simbolizam os três tricampeonatos cariocas conquistados (1917/1918/1919, 1936/1937/1938 e 1983/1984/1985), não incluindo o conquistado no tetracampeonato (1906/1907/1908/1909).
Cores
Em 15 de julho de 1904, após leitura de carta de Oscar Cox e Mário Rocha, enviada da Inglaterra, na Assembleia Geral Extraordinária, o Fluminense trocou a camisa anterior, de cor cinza e branco, pela tricolor, devido à impossibilidade de conseguir tecido na cor cinza, porque ele existia em pouca quantidade no mercado. Então foram sugeridas as cores encarnado, branco e verde, a indicação foi posta em votação e aceita de imediato.
Foto: Alexandre Berwanger.
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Assim, o Estatuto do Fluminense descreve as cores oficiais do clube:
Art. 144 – As cores oficiais do FLUMINENSE são: encarnado, branco e verde, e obedecerão os padrões definidos nas classificações do Atlas de Hicktier, elaborado segundo a "Escala Europa", e o Atlas de Munsell.
a) De acordo com a Escala Europa, o encarnado é composto de:
- 50% de ciano (azul ciano) - 90% de magenta (vermelho púrpura) - 80% de amarelo - 20% de preto
De acordo com o Atlas de Munsell, a classificação é: 5R 2/8.
b) De acordo com a Escala Europa, o verde é composto de:
- 90% de ciano (azul ciano) - 50% de magenta (vermelho púrpura) - 80% de amarelo - 10% de preto
De acordo com o Atlas de Munsell, a classificação é: 5 BG 2/4.
§ 1º - Para impressão gráfica (CMYK), as definições das cores são:
a) Encarnado
C – 0 Y - 65 M – 100 K – 47
b) Verde
C – 100 Y - 83 M – 0 K - 47
Art. 145 - O pavilhão, a flâmula, os uniformes oficiais e os distintivos do FLUMINENSE terão as cores oficiais descritas no art. 144 e deverão estar de acordo com os modelos aprovados pelo Conselho Deliberativo, sendo permitida a inserção de propaganda comercial nos uniformes, independentemente de consulta ao Conselho Deliberativo.
§ 1º - O FLUMINENSE poderá criar uniformes não oficiais, com cores diferentes das oficiais, desde que os modelos, previamente apresentados, sejam aprovados pelo Conselho Deliberativo.
§ 2º - Os uniformes não oficiais somente poderão ser usados em jogos amistosos ou torneios não oficiais.
Art. 146 - O pavilhão do FLUMINENSE é constituído de duas partes iguais, encarnada a superior e verde a inferior, separadas por uma faixa branca e tendo no meio, traçados em branco, o escudo e o monograma do Clube.
Mascote
O Tricolor sempre se caracterizou por possuir torcedores ilustres e famosos, presidentes, cantores e cantoras, artistas, personalidades ligadas a cúpula do futebol mundial e, desta forma, surgiu a ideia de um outro símbolo tricolor - O Cartola.
Idealizado pelo grande caricaturista argentino Lorenzo Mollas, o Cartola surgiu elegante, de fraque e cartola com sua imponente piteira, passando a imagem da aristocracia tricolor. Por isso, o cartola simboliza os fundadores do clube: os aristocratas cariocas, que representavam a fidalguia e a nobreza de atitudes.
Em sua versão infantil, o mascote tricolor era representado pelo personagem Cartolinha, que em de 2013, vestiu a sua armadura e se transformou no Guerreirinho, para representar o espírito de superação dos jogadores do clube, traduzido em tantas conquistas emocionantes do Fluminense.
No Campeonato Brasileiro de 2009, após uma grande sequência de resultados, com sete vitórias e quatro empates, que o tirou da zona do rebaixamento quando tinha 99% de chances matemáticas de cair, o Fluminense passou a ser chamado e cantado pela sua torcida como "Time de Guerreiros", fama consolidada no ano seguinte com a conquista do título do Campeonato Brasileiro. A partir de 2016 o Fluminense passou a adotar o Guerreirinho como mascote único.
Padroeiros
São santos padroeiros do Fluminense:
Nossa Senhora da Glória
Papa João Paulo II
A relação da torcida do Fluminense para com o Papa João Paulo II começou em 1980, quando o então pontífice visitou o Rio de Janeiro e recebeu uma camisa do clube das mãos de um garoto de 10 anos, passando a adotar essa música desde então, sendo ela um símbolo da conquista do Campeonato Carioca de 1980.
Desde então, a claque tricolor entoa a música "A Bênção, João de Deus" durante as partidas, sobretudo durante momentos difíceis nos jogos. Na final do Campeonato Carioca de 2005, o gol do título saiu aos 47 minutos do segundo tempo, enquanto a torcida cantava essa canção. Em 2010 foi nomeado padroeiro do clube carioca, ao lado de Nossa Senhora da Glória.
Talvez inspirado por esta relação, o Fluminense entregou ao Papa Francisco uma camisa tricolor, quando ele aterrissou de helicóptero no Estádio das Laranjeiras, para participar de evento relacionado à Jornada Mundial da Juventude.
Hinos
O Fluminense possui um hino oficial e um popular. O primeiro Hino teve a letra composta por Coelho Neto sobre a música de Jack Judge e Harry Williams - It's a Long Way to Tipperary - e foi cantado pela primeira vez na solenidade de inauguração da 3ª sede do clube, a 23 de julho de 1915.
O hino oficial possui letra e música de Antônio Cardoso de Menezes Filho, tendo sido criado em 1916 para tomar o lugar do primeiro hino do clube, criado em 1915, e que estava sendo motivo de paródias.
O hino popular do Fluminense Football Club, intitulado de Marcha Popular, foi composto na década de 1940 por Lamartine Babo, um dos mais importantes compositores populares do Brasil. A letra foi composta pelo maestro Lyrio Panicali. Sem dúvida, dos três, é o mais conhecido, e tem a particularidade de ser o único hino, dentre os de todos os grandes clubes brasileiros, em tom menor.
O primeiro hino
Letra: Coelho Neto
“ O Fluminense é um crisol
Onde apuramos a energia
Ao pleno ar, ao claro sol
Lutando em justas de alegria
O nosso esforço se congraça
Em torno do ideal viril
De avigorar a nova raça
Do nosso Brasil!
Corrige o corpo como artista
Vida imprime à estátua augusta
Faz da argila uma robusta
Peça de aço onde a alma assista
Na arena como na vida
Do forte é sempre a vitória
Do estádio foi que a Grécia acometida
Irrompeu para a glória
Ninguém no clube se pertence
A glória aqui não é pessoal
Quem vence em campo é o Fluminense
Que é, como a Pátria, um ser ideal
Assim nas justas se congraça
Em torno dum ideal viril
A gente moça, a nova raça
Do nosso Brasil!
Adestra a força e doma o impulso
Triunfa, mas sem alardo
O herói é bravo mas galhardo
Tão forte d'alma que de pulso
A força esplende em saúde
E abre o peito à bondade
A força é a expressão viva da virtude
E garbo da mocidade”
Hino Oficial do Fluminense Football Club
Letra: Antônio Cardoso de Menezes Filho
“ Companheiros de luta e de glória
Na peleja incruenta e de paz
Disputamos no campo a vitória
Do mais forte, mais destro e sagaz!
Nossas liças de atletas são mansas
Como as querem os tempos de agora
Ressuscitam heróicas lembranças
Dos olímpicos jogos de outrora
Não nos cega o furor da batalha
Nem nos fere o rival, se é mais forte!
Nossas bolas são nossa metralha
Um bom goal, nosso tiro de morte
Fluminense, avante, ao combate
Nosso nome cerquemos de glória
Já se ouve tocar a rebate
Disputemos no campo a vitória.”
Gravação original da Marcha (Hino Popular)
A gravação original, histórica, rara e preciosa, foi feita na década de 1940 pelo Trio Melodia que era formado por três tricolores famosos: Paulo Tapajós, Nuno Roland e Albertinho Fortuna, destaques da Rádio Nacional em sua época. O acompanhamento é da orquestra do maestro Lyrio Panicali.
Paulo Tapajós, figura das mais queridas do Flu em sua época, é benemérito do clube e foi vice-presidente social nas gestões de vários presidentes.
A remasterização desta gravação e transformação para o formato MP3, resgata a letra correta da marcha, alterada em diversas gravações posteriores, e recupera a terceira estrofe, relativa ao "branco", abandonada em muitas dessas outras gravações.
Hino do Fluminense Football Club (Popular)
Letra: Lamartine Babo
Música: Lyrio Panicali
“Sou tricolor de coração
Sou do clube tantas vezes campeão
Fascina pela sua disciplina
O Fluminense me domina
Eu tenho amor ao tricolor!
Salve o querido pavilhão
Das três cores que traduzem tradição
A paz, a esperança e o vigor
Unido e forte pelo esporte
Eu sou é tricolor!
Vence o Fluminense
Com o verde da esperança
Pois quem espera sempre alcança
Clube que orgulha o Brasil
Retumbante de glórias
E vitórias mil!
Vence o Fluminense
Com o sangue do encarnado
Com amor e com vigor
Faz a torcida querida
Vibrar de emoção o tricampeão!
Vence o Fluminense
Usando a fidalguia
Branco é paz e harmonia
Brilha com o sol
Da manhã
Qual luz de um refletor Salve o Tricolor!”
Reconhecimentos
Ainda na década de 1920, o Fluminense foi considerado entidade de utilidade pública federal pelo Decreto 5 044, de 28 de outubro de 1926, conforme publicado no Diário Oficial da União de 10 de novembro de 1926.
Já no Século XXI, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprovou em 12 de maio de 2007 o Decreto Oficial que cria o Dia do Fluminense e dos Tricolores, que é comemorado no dia 21 de julho, data de aniversário do clube. No âmbito estadual o Dia do Fluminense é comemorado em 12 de novembro, de acordo com a Lei nº 5 094 de 27 de setembro de 2007, data escolhida para coincidir com a data de aniversário de um dos ídolos tricolores, Assis.
A torcida do Fluminense foi reconhecida como patrimônio imaterial da cidade do Rio de Janeiro pelo decreto nº 35 877 de 5 de julho de 2012, assim como o clássico Fla-Flu, pelo decreto nº 35 878, publicado na mesma data.
Destaca-se, entre os reconhecimentos tricolores, a conquista da Taça Olímpica, honraria atribuída pelo Comitê Olímpico Internacional ao Fluminense em 1949, por ser o clube um modelo de organização desportiva para todo o mundo. Somente o Fluminense, como clube polidesportivo, possui esse título, o que o torna único no cenário esportivo mundial neste quesito, dividindo esta honraria com países, federações esportivas e comitês olímpicos, entre outras instituições de destaque no cenário desportivo mundial.
Ser Fluminense, por Artur da Távola
Ser Fluminense é entender esporte como bom gosto. É ser leal sem ser boboca e ser limpo sem ser ingênuo.
Ser Fluminense é aplicar o senso estético à vida e misturar as cores de modo certo, dosar a largura do grená, a profundidade do verde com as planuras do branco.
Ser Fluminense é saber pensar ao lado de sentir e emocionar-se com dignidade e discrição. É guardar modéstia, a disfarçar decisão, vontade e determinação. É calar o orgulho sem o perder. É reconhecer a qualidade alheia, aprimorando-se até suplantá-la.
Ser Fluminense não é ser melhor mas ser certo. Não é vencer a qualquer preço mas vencer-se primeiro para ser vitorioso depois. É não perder a capacidade de admirar e de (se) colocar metas sempre mais altas, aprimorando-se na busca! E jamais perder a esperança até o minuto final.
Ser Fluminense é gostar de talento, honradez, equilíbrio, limpeza, poesia trabalho, paz, construção, justiça, criatividade, coragem serena e serenidade decidida.
Ser Fluminense é rejeitar abuso, humilhação, manha, soslaio, sorrateiros, desleais, temerosos, pretensão, soberba, tocaia, solércia, arrogância, suborno ou hipocrisia. É pelejar, tentar, ousar, crescer, descobrir-se, viver, saber, vislumbrar, ter curiosidade e construir.
Ser Fluminense é unir caráter com decisão, sentimento com ação, razão com justiça, vontade com sonho, percepção com fé, agudeza com profundidade, alegria com ser, fazer com construir, esperar com obter. É ter os olhos limpos, sem despeito, e claro como a esperança.
Ser Fluminense, enfim, é descobrir o melhor de cada um, para reparti-lo com os demais e saber a cada dia, amanhecer melhor, feliz pelo milagre da vida como prodígio de compreensão e trabalho, para construir o mundo de todos e de cada um, mundo no qual tremulará a bandeira tricolor.
História do "pó de arroz"
Cabe lembrar que o apelido de ''pó de arroz'' foi dado ao Fluminense em um clássico contra o America, válido pelo Campeonato Carioca e disputado em 13 de maio de 1914, em jogo que terminou empatado por 1 a 1.
Segundo a versão popular, o jogador tricolor Carlos Alberto, um dos jogadores do Flu dissidentes do America, para disfarçar sua condição de mestiço teria passado pó de arroz no rosto, o que gerou os gritos da torcida do America, que o conhecia e dele devia guardar algum rancor, pois tinha abandonado este clube, e quando jogava contra o Fluminense chamava os tricolores de ''pó de arroz''. O dia da partida, 13 de maio, data comemorativa pela libertação dos escravos, deve ter contribuído para criar esta lenda.
Segundo narra o livro ''O America na história da cidade'': "O apelido tinha endereço certo, pois Carlos Alberto, sendo mulato, para disfarçar a cor, costumava empoar-se. Enquanto estava em Campos Sales, tudo isso era considerado muito normal, mas... naquele dia, em represália, fora desfeiteado daquele modo."
Segundo depoimento testemunhal do também ex-jogador dos dois clubes, Marcos Carneiro de Mendonça, o tal produto teria sido algo para combater irritação da pele, talvez um produto pós barbear. Já o Jornal do Brasil, em sua edição de 17 de janeiro de 1914, página 13, já publicava a propaganda de um produto para conservação do pó de arroz usado na pele para esconder manchas, cravos e espinhas e, possivelmente, pele irritada pós barbear. É evidente que era comum o uso naquela época e provavelmente não existia outra medicação mais adequada, considerando os recursos de então.
Com o tempo, o apelido foi assimilado pela torcida do Fluminense com lançamento de pó de arroz e talco na entrada do time em campo, fazendo uma das festas mais bonitas para a entrada de um clube, proporcionada por sua torcida.