HISTÓRIA (Transcrição da matéria (na íntegra) publicada no jornal "A Luta Democrática", de 1967)
Contar a história do Mavilis FC, seria a mesmissima coisa que contar a própria história do futebol amador do nosso Estado.
Fundado em 23 de setembro de 1913 e tornado de utilidade pública pela Lei Municipal n° 936 de 15 de setembro de 1959, tem o seu campo e sede própria situado à Rua Carlos Seidl, 993, no Bairro do Caju.
A idéia de sua fundação, surgiu de outro clube, o antigo Mavilis Brasileiro FC, que foi fundado por moradores do Bairro de São Cristóvão, principalmente os operários da Fábrica Mavilis e Bonfim. Foram os seus pioneiros: Silva, Constantino, Isnard Pires, Evaristo Teixeira e muitos outros que não mediram sacrifícios e deram o passo inicial na existência do glorioso Mavilis FC.
Pelo apoio que receberam da Fábrica Mavilis, seus fundadores resolveram formar uma palavra composta das primeiras silabas do nome Manuel Vicente Lisboa. O seu uniforme de cores vermelha e azul, teve como inspiração a bandeira inglesa, que na época dominavam as indústrias nesta cidade.
A construção de seu campo teve no desportista Afonso Bebiano um abnegado ao extremo, pois foi quem doou ao clube uma vasta área, na ocasião pantanosa, mas que graças aos verdadeiros mavilenses, conseguiram aterrá-la e construir ali sua praça de esportes.
Uma das primeiras preocupações de seus dirigentes, foi estipular a mensalidade de um tostão antigo, importância essa que em 1913 os seus fundadores encontravam dificuldades para saldar.
Sua fase áureaEm que pese ter permanecido como um clube amadorista a fase áurea do Mavilis FC, foi ainda no período amadorista do futebol brasileiro, isso até o ano de 1932.
Em 1929, com os seus primeiro e segundo quadros, o Mavilis FC, sagrou-se campeão da Liga Brasileira de Desportos. Em 32, quando o Botafogo levantou o último título do amadorismo, realizaou excelente campanha, chegando ao vice-campeonato, já agora na antiga AMEA. Mais tarde passou a ser filiado da Liga Suburbana de Desportos e finalmente ajudou a fundar o Departamento Autônomo da Federação Carioca de Futebol.
Entre os jogadores que tiveram a sua época no futebol e antes passaram pelo Mavilis FC, pode-se destacar Pascoal, que foi do Vasco da Gama e Vicente, o Pé-de-Ouro que se consagrou-se no São Cristóvão de FR.
Sempre o "deficit"Embora o futebol seja sua principal atividade esportiva, várias vêzes o clube viu-se obrigado a ficar afastado do campeonato amador promovido pelo DA, por dificuldades financeiras, fator êste que vem abalando a maioria de nossos clubes.
Em 1966, por faltar-lhes condições ficou ausente do campeonato, com a finalidade de poder brilhar êste ano, mas aí houve a falta de sorte do clube, que foi atingido pelas enchentes do princípio do ano e os muros que circundam o seu estádio ruíram e na reconstrução dos mesmos, esgotou-se a reserva que o clube havia guardado para custear sua participação no DA. Disputando o futebol permaneceu apenas a equipe de Veteranos, que aliás vem fazendo excelente figura no campeonato promovido por LUTA DEMOCRÁTICA, porém a esperança de seus atuais responsáveis Pedro Fonseca; Luis de Oliveira, Jaime Borges e outros é de proporcionarem melhores dias ao Mavilis FC. Fonte: A Luta Democrática, 24 e 25 de junho de 1967
O COMEÇO DA EXTINÇÃO (Matéria do Última Hora, de dezembro/1983)
Caju: Querem acabar com o velho MavilisO Caju está prestes a perder um pouco de sua memória. Isso dependerá do prazo para a realização do despejo do Mavilis Futebol Clube, na Rua Carlos Seidl, situado em terrenos cedidos pela União e Indústria América Fabril, em 1913, ano de sua fundação. A América Fabril, há três anos, entrou na justiça pedindo a reintegração de posse, pelo que fez um depósito de Cr$ 42 milhões como indenização pelas benfeitorias. A Associação de Moradores e a diretoria do clube, porém, alegam que parte dos terrenos pertence a Marinha e ao Arsenal de Guerra, e, além disso, a fábrica, falida há cinco anos, não poderia dispor da quantia depositada, a menos que haja algum grupo interessado na utilização da área, não se sabe com que propósito.
São 10 mil m2 divididos em um campo de futebol, duas quadras de futebol society, bar, vestiários e um galpão para festas e prática de esportes. Vice-campeão em 1934 e palco dos treinos do Fluminense (até hoje a escolinha e o juvenil do Fluminense treinam ali), o Mavilis representa um pouco da história local. Ele também vem cumprindo uma função social, cedendo espaço para o lazer dos favelados e acolhendo desbrigados. Há um mês, por exemplo, três vestiarios estão ocupados por famílias vindas da favela Buraco da Lacraia, expulsas de seus barracos por ocasião de uma briga entre quadrilhas. (...)
(...) O Mavilis conta com 384 sócios que, desde 1976, não pagam a taxa de manutenção mensal de Cr$ 50. O barzinho é arrendado e os Cr$ 100 mil que a diretoria do clube recebe não seriam suficientes para o pagamento de Cr$ 140 mil pelo fornecimento de energia ou de Cr$ 20 mil semanais pelo trabalho do zelador. Ninguém sabe, na verdade, o que fazer para salvá-lo.
A PERDA NA JUSTIÇAJornal dos Sports de 1984: MAVILIS - O futebol amador da Capital vem de perder mais um campo. Sem contar com um interesse maior do seu presidente Joel (ex-ponta-esquerda do Fluminense e Botafogo), o Mavilis perdeu o seu campo na Justiça. Segundo o ex-jogador Tostão (Mavilis), o processo não teve o acompanhamento dos interessados, facilitando o desfecho negativo para o clube.
Nota CF: O Mavilis extingui-se pouco depois de perder a batalha judicial com a Cia. América Fabril, então em liquidação judicial, que revindicava o terreno ocupado pelo clube no Caju.
O maior momento da história do Mavílis aconteceu em 1934, quando terminou como vice-campeão do Campeonato Carioca da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), empatado com o Andarahy. O Mavílis, inclusive, venceu o Botafogo, que foi o campeão, por 2 a 0 (Gols de Honório e Chavão, ambos no segundo tempo), em casa, no dia 22 de julho de 1934. No final foram nove pontos em oito jogos; com quatro vitórias, um empate e três derrotas; marcando 24 gols e sofrendo 21.
TODOS OS TÍTULOSLiga Brasileira de Desportos: 1929
Liga Brasileira de Desportos de Segundos Quadros: 1929
Campeonato Carioca de Segundos Quadros da Primeira Divisão:
1934 (AMEA)Toneio Inicio do Campeonato Carioca da Primeira Divisão: 1930 (LMDT - Série EAN)
Campeonato Carioca de Segundos Quadros da Segunda Divisão: 1931