A Fundação e mudança de nomeO América foi fundado em 12 de abril de 1914 como João de Barros Futebol Clube, em alusão à rua onde ficava a primeira sede.
Sobre a fundação, o Diário de Pernambuco, de 16 de abril de 1914, deu a seguinte notícia:
"No arrebalde de João de Barros acaba de ser fundado um centro sportivo, o qual tem a denominação acima.
Em sessão realisada a 12 do corrente, foi acclamada uma directoria provisória, que ficou assim constituída:
Presidente, Accioly Lins; 1º secretario, Luiz Accioly Lins; 2º secretario, Ubirajara Correia; thesoureiro, José Accioly Lins; director de “sports”, José Reis e Silva; vice-director, Ayres Valente.
No próximo domingo reunir-se-á a novel associação em sua segunda sessão preparatória, para discussão dos estatutos."
Em 22 de agosto de 1915 passou a ter a denominação atual a pedido do desportista Belfort Duarte, ligado ao América do Rio de Janeiro, que viera ao Recife buscar apoio para a fundação da Federação Nacional de Esportes, antecessora da antiga CBD (confederação Brasileira de Desportos), atual CBF.
Em visita a Pernambuco em agosto de 1915, Belfort Duarte, um dos símbolos do futebol brasileiro, recebeu uma homenagem do JBFC. Na noite de 22 de agosto, Belfort Duarte foi distinguido como capitão honorário do clube e mudou o nome do clube para América Futebol Clube, em homenagem ao seu clube de coração: o América Football Club do Rio de Janeiro.
Texto da carta de Belfort Duarte remetida à imprenssa:
" Comunico-vos que em Assembléia Geral do João de Barros Futebol Clube, reunida no dia 22 de agosto de 1915 deliberou a mudança de nome daquela sociedade que ficou denominada "América Futebol Clube", convicto que esta deliberação em nada mudará as atenções dispensadas ao nosso antigo JBFC e espero a continuação das mesmas ao América Futebol Clube ".Em 16 de junho de 1915, ainda com o nome de João de Barros, o América participou da reunião de fundação da Liga Pernambucana de Futebol, atual Federação Pernambucana de Futebol.
Cores utilizadasJoão Evangelista Belfort Duarte, maranhense que vivia no Rio de Janeiro, muito ligado ao América carioca, influenciaria mais tarde para que o alviverde passasse a adotar a cor vermelha, como seu homônimo da Cidade Maravilhosa, mas não deu certo, principalmente por causa da existência do Torre, que tinha a mesma cor.
O América ainda disputou os campeonatos de 1937 e 1938 com a camisa vermelha, igual à do seu homônimo do Rio. Porém, logo voltou ao verde original, depois que o Torre, que havia se licenciado, resolveu voltar à atividade. É que o time do bairro da Torre era registrado naquela cor.
Em 1920 afastou-se do campeonato em plena disputa. Depois de derrotar Sport e Náutico por 2 x 1, foi derrotado pelo Santa Cruz por 2 x 1. Por causa dessa derrota, rebelou-se contra a Liga e abandonou o certame, que foi levantado pelo Sport. No ano seguinte, o América voltou à competição, tornando-se mais uma vez campeão, em 1921/22.
Título do Centenário (1922)Dos seis títulos estaduais conquistados - , o principal por ser histórico é o de Campeão do Centenário. O América, como a maioria dos campeões estaduais da época, passou a ser tratado dessa forma pomposa por ter levantado a taça estadual em 1922, ano em que se comemoravam os 100 anos da Independência do Brasil.
Última conquista estadual - 1944No campeonato de 1944, o América levantou um turno e o Náutico, dois. Houve um jogo extra vencido pelo alviverde por 3 x 2, tendo os dois times saído para uma série melhor de três. Na primeira partida, nos Aflitos, no dia 9 de fevereiro de 1945 – era comum o campeonato passar de um ano para outro – vitória do América por 2 x 0, gols de Valdeque e Oseas.
Não houve a necessidade do terceiro encontro, a negra como se dizia. Isso aconteceria se o Náutico tivesse vencido o segundo jogo. Mas os americanos resolveram a parada logo no segundo duelo, derrotando o alvirrubro por 3 x 0, na Ilha do Retiro, gols de Oseas (2) e Zezinho.
No jogo, disputado em 18 de fevereiro de 1945, na Ilha do Retiro, e dirigido por Belgrano dos Santos, a formação do América campeão difere da foto existente na sede, apenas pela presença de Valdeque em vez de Djalma, ou seja: Leça; Deusdeth e Lucas; Pedrinho, Capuco e Astrogildo; Zezinho, Julinho, Valdeque, Edgar e Oseas.
O Náutico, vice-campeão, contou com Max; Délcio Periquito e Célio Araraquara; Sabino, Mário Ramos e Edvaldo Lima; Plínio, Joãozinho, Tará, Isaac (irmão de Tará) e Luiz.
O técnico do América era o gaúcho Álvaro Barbosa, que em pleno campeonato foi obrigado a fazer uma improvisação. O lateral-esquerdo Rubens, carioca, teve que regressar ao Rio de Janeiro para prestar serviço militar. Sem outro jogador para a posição, Barbosa foi forçado a improvisar o ponta-direita Astrogildo. Deu certo. Tanto que Astró, como era conhecido na intimidade do futebol, permaneceu na lateral esquerda até encerrar sua carreira.
Acusação injusta
Daquela disputa com o Náutico um episódio ficou marcado: o brusco afastamento do lateral Natal no dia do primeiro jogo da série melhor de três. Em seu lugar entrou Deusdeth. A medida foi tomada pelo diretor de futebol, Rubem Moreira, irmão do presidente do clube, José Augusto Moreira, e que mais tarde seria presidente da Federação Pernambucana de Futebol, reinando durante 27 anos ininterruptos.
A notícia de que Natal tinha sido dispensado de repente, logo espalhou-se, com uma versão que varou o Recife numa velocidade de raio: suborno. Foi essa ‘verdade’ que durante muitos anos prevaleceu. Todavia, numa entrevista ao jornalista Lenivaldo Aragão, autor desta reportagem, em agosto de 1977, portanto, 33 anos depois do incidente, o goleiro Leça, que acompanhou o caso de perto, restabeleceu a verdade.
– O que aconteceu é que Natal era muito mulherengo e no dia do primeiro jogo, um domingo, o centromédio Capuco acordou antes das cinco horas, como de costume, para apanhar mangas, pois havia várias mangueiras na concentração. Quando acordei já vi Capuco em pé. Foi aí que ele me mostrou uma mulher pulando a janela que dava para a rua, ajudada por Natal. Capuco achou aquilo um absurdo, queria logo bater no cara. Interferi, mas ele não se conteve e terminou entregando Natal a Álvaro Barbosa, que telefonou para Rubem Moreira. Rubem chegou furioso, soltando palavrões, como sempre, e de revólver à mão, deu meia hora pra Natal pegar seus pertences e se mandar. O negão Natal ainda apelou, chegou até a chorar, mas não teve jeito – contou Leça, um dos maiores ídolos de todos os tempos do América.
O último grande momento de uma ex-potênciaEm 1959, o clube da estrada do Arraial pediu licença e não disputou o Estadual daquele ano, mergulhado que estava numa grave crise financeira. Era o mergulho na decadência. Em 1962 voltava às disputas, mas sem ter a importância de outrora.
A sede atual do clube (2019) - clique na imagem para ampliar; Uniforme 1 (2009); e Periquito o mascote.