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A trajetória de Raul

Raul Plassmann na Seleção BrasileiraRaul Guilherme Plassmann nasceu em 27 de setembro de 1944, em Antonina (PR), e fez parte de dois dos maiores times da história do Brasil e do mundo: o Cruzeiro das décadas de 60 e 70 e o Flamengo dos anos 80. Pode se dizer que ele foi um predestinado, pois estava na hora certa no lugar certo e sempre foi um dos pontos de segurança das duas equipes.

Raul começou no São Paulo sem grande destaque. Inclusive na sua estréia como Profissional, num clássico contra o Palmeiras, em 1965, o tricolor foi derrotado por 5 a 0. Mas o destino estava ao seu lado e logo o levaria para Belo Horizonte. O presidente do Cruzeiro, Felício Brand, estava à procura de um goleiro para a reserva de Tonho e conversou com o colega são-paulino Vicente Feola, que disse que tinha um garoto que poderia seguir no dia seguinte para a Raposa.

O jovem guarda-metas chegou ao Barro Preto sem qualquer festa, apenas para compor o elenco. Com muita competência e uma ótima colocação, além de saber acionar um contra-ataque como poucos, ele foi ganhando espaço e não saiu mais do time celeste. Foram nove títulos mineiros em doze anos de clube. Mesmo com seu jeito calmo, Raul fazia sucesso com o público feminino e também entre os homens, que reconheciam a sua importância com defesas seguras em um time que contava com Tostão, Dirceu Lopes, Piazza e Nelinho.

A sua principal conquista no Cruzeiro aconteceu em 1976, quando a equipe mineira levantou a Taça Libertadores da América, que, até então só tinha sido conquistada por uma equipe brasileira: o Santos de Pelé. Como acontece sempre na competição sul-americana foi uma campanha sofrida até a final contra o River Plate, da Argentina, em três partidas. Depois disso, aquela geração fantástica do Cruzeiro foi parando e o time sendo desmontado. Raul chegou a pensar em voltar para o Paraná e se aposentar, mas foi convencido pelo técnico Cláudio Coutinho a vir para o Flamengo em 1978 ser a voz da experiência em um time jovem formado por Zico, Júnior, Leandro e cia.

Os títulos foram se sucedendo com o tricampeonato estadual logo de cara em 78 e 79. Não demorou muito para Raul se tornar ídolo da torcida rubro-negra. Mesmo não sendo um goleiro que dava espetáculo, era muito inteligente, disciplinado e eficiente. Com muito equilíbrio emocional, ele comandava a defesa e mostrava uma boa saída da área, característica que faltava à maioria dos goleiros da época.

Jogando com extrema competência, Raul ainda garantiu mais três títulos brasileiros e venceu a sua segunda Taça Libertadores em 81 em outra final em três partidas contra o Cobreloa, do Chile. No Mundial Interclubes, o goleiro não foi vazado pelos ingleses do Liverpool e contando com o talento no ataque de Zico, Adílio e Nunes, juntou mais um troféu para a sua grande coleção.

Raul também tinha a sinceridade como ponto forte, apontava falhas de sua equipe em entrevistas e dizem que, por falar demais, foi preterido na seleção brasileira de 82. Em certa oportunidade, ele admitiu: “prefiro treinar pouco e jogar muito”. Para Telê Santana, foi o suficiente para não convocá-lo para o time de estrelas do Brasil. Raul admitiu em sua despedida que não disputar uma Copa do Mundo foi a maior tristeza da sua carreira.

Depois da aposentadoria nos gramados, Raul se destacou como comentarista esportivo tanto na TV Globo quanto no SporTV. Ele chegou a tentar a carreira de treinador. Em 2003, foi auxiliar de Marinho Peres no Juventude e, depois da saída do técnico, assumiu o cargo, mas deixou o clube gaúcho antes do fim da temporada. Em 2004, Raul trabalhou como dirigente e técnico no Londrina, mas acabou voltando a ser comentarista na Rede Record e na Rádio CBN/Curitiba. Em janeiro de 2005, o ex-goleiro aceitou o convite do prefeito eleito de Curitiba, Beto Richa, para ser secretário municipal de esportes.

Curiosidades

Raul Plassmann - Camisa Amarela Raul acabou com o marasmo das camisas de goleiro, que até então variavam apenas entre pretas, cinzas ou brancas, mas foi por acaso. Num clássico entre Cruzeiro e Atlético, na década de 60, ele entrou em campo com uma camisa de passeio, um blusão amarelo - emprestado - de gola rolê do lateral Neco, pois a camisa oficial de goleiro não coube. Foi um espanto geral no Mineirão. Ele fechou o gol e começou a escrever seu nome na história do futebol. Deste dia em diante a torcida do Atlético Mineiro começou a ironizá-lo, chamando-o de "Wanderléia", pois havia um certo preconceito o goleiro não usar camisas nas cores padrão descritas acima.

O goleiro passou a adotar a camisa amarela e ressaltava sempre que ela tinha um poder hipnotizador sobre os atacantes, que chutavam sempre na direção em que ele estava posicionado.


Jogos na Seleção

1968
19/03- 0x0 Paraguai
27/03- 0x0 Chile
30/03- 1x2 Uruguai
11/08- 3x2 Argentina
1975
30/07- 4x0 Venezuela
06/08- 2x1 Argentina
13/08- 6x0 Venezuela
16/08- 1x0 Argentina
30/09- 1x3 Peru
1977
12/10- 3x0 Milan (ITA)
1980
02/04- 7x1 Seleção de Novos do Brasil
01/05- 4x0 Seleção de Minas Gerais
08/06- 2x0 México
15/06- 1x2 URSS
24/06- 2x1 Chile
1983
21/07- 1x2 Seleção do Sul do Brasil
Na época, as torcidas organizadas do Cruzeiro acrescentaram o amarelo ao azul e branco de suas bandeiras e isso é mantido até os dias de hoje.

No Flamengo, Raul tinha o apelido de “Velho”, pela idade e seu jeitão de falar com os companheiros.

Em sua despedida, em 20 de dezembro de 83, num amistoso entre o Flamengo e a Seleção dos Amigos do Raul, formada por vários craques da época, aos 38 anos, o goleiro vestiu a camisa amarela pela última vez. Ao sair de campo, Raul a tirou e devolveu ao mesmo Neco.

No São Paulo
Pelo Tricolor paulista foram apenas nove partidas (5 vitórias, um empate e três derrotas). Duas das derrotas foram em jogos pelo Torneio Rio-São Paulo e por goleadas por 5 a 0 (contra o Botafogo, no dia 15 de maio, e contra o Palmeiras, no dia 19 de maio, ambos em 1965).

No Cruzeiro
Participou de 557 partidas.
Títulos: Taça Libertadores 1976, Taça Brasil 1966, Campeonato Mineiro em 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977, Taça Minas Gerais 1973

No Flamengo
Foram 228 partidas (131 vitórias, 58 empates e 39 derrotas)
Títulos: Copa Intercontinental 1981, Taça Libertadores 1981, Campeonato Brasileiro 1980, 1982 e 1983, Campeonato Carioca 1978, 1979, 1979 (Especial) e 1981

ESTATISTICAS
806 jogos na carreira
9 jogos pelo São Paulo
557 jogos pelo Cruzeiro
228 jogos pelo Flamengo
16 jogos pela seleção do Brasil e 13 gols sofridos
Equipes que defendeu:
Atlético-PR, Coritiba, São Paulo (1965), Nacional de Montevideu (1965), Cruzeiro (1966 a 1978) e Flamengo (1978 a 1983)


Pesquisas realizadas por Sidney Barbosa da Silva.
Fontes: Arquivo www.campeoesdofutebol.com.br; Placar - 72 anos de história da seleção brasileira e www.goleiroraul.com.br
Página adicionada em 02 de agosto de 2012.