O Palestra-Palmeiras sobreviveu a duas Grandes Guerras MundiaisEzequiel Simone, o primeiro presidente.
Primeira reunião
Antes da formalização oficial do Palestra Itália, houve uma primeira reunião, em 19 de agosto de 1914 (uma quarta-feira), que contou com a presença de 37 pessoas, e ficou marcada por muita discussão em torno do objetivo primordial do novo clube. Parte dos que estavam presentes queria um clube voltado a atividades artísticas e literárias, enquanto que a maioria queria um clube focado no futebol. Assim, Luigi Cervo (o principal idealizador) e os amigos marcaram nova reunião para a quarta-feira da semana seguinte, 26 de agosto de 1914, que acabou ficando como a data de fundação do novo clube.
A Fundação
O Palestra Itália foi fundado em 26 de Agosto de 1914, no Salão Alhambra, situado à rua Marechal Deodoro, n° 2, por 43 membros da colônia italiana da cidade de São Paulo, moradores, em sua maioria, do Brás e especialmente funcionários das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. O intuito era de o clube unir todos os imigrantes italianos sob uma única bandeira e que, ao mesmo tempo, representasse o enorme contingente italiano já existente na cidade de São Paulo, no campeonato oficial de futebol.
A formação de um clube de futebol foi simpático ao cônsul italiano, que via naquela nova entidade um meio de informar a todos italianos que agora havia uma só Itália, reunificada no final do século XIX.
Os principais idealizadores da fundação do clube foram; Luigi Cervo, Luigi Marzo, Vicente Ragognetti e Ezequiel Simone (que foi designado seu primeiro presidente).
Primeira diretoria e fundadores
Fundado o Palestra Itália, sua primeira diretoria eleita ficou assim formada:
Imagem: Jornal Fanfulla, 28 de agosto de 1914.
- Presidente: Ezequiel Simone
- Vice-Presidente: Luigi Emmanuelle Marzo
- Secretário Geral: Luigi Cervo
- Vice-Secretário: Antonio Aulicino
- Tesoureiro: Francisco De Vivo Nipote
- Diretor Esportivo: Vicente Ragognetti
- Inspetor de Sala: Francesco Vicenzo Cileno
- 1° mestre de sala: Alvaro F. da Silva
- 2° mestre de sala: Francesco Morelli
- Revisor de contas: Oreste Giangrande, Guido Giannetti, e Armando Rebucci
Demais fundadores:
- Alfonso de Azevedo
- Delfo Betti
- Amadeo Bucciarelli
- Francesco Camargo
- Michele A. Ciello
- Clementino Del Ciello
- Fábio Ferré
- Eugenio Gallo
- Antonio Gallucci
- Giorgio Giannetti
- Giulio Giannetti
- Adolfo Izzo
- Alfredo Izzo
- Luigi Izzo
- Giovanni Lamacchia
- Onofrio Lilla
- Battista Maninni
- Luigi Médici
- Alfredo Migliori
- Alfonso Mosca
- Giuseppe Nigro
- Leonardo Pareto
- Giuseppe Prince
- Vicenzo Rizzo
- Luigi M. F. Rosario
- Gennaro Romano Filho
- Oreste Romano
- Giovanni Rossi
- Ercole Russo
- Michele Tavollaro
- Aughusto Vaccari
Em 24 de Janeiro de 1915, o Palestra Itália disputa a primeira partida de futebol de sua história, e vence a equipe do Savóia, em Votorantim, por 2 a 0, com gols de Bianco e Alegretti. Logo nesta primeira partida, o Palestra Itália conquista seu primeiro troféu, a "Taça Savóia".
No ano de 1916, o Palestra Itália consegue a vaga no campeonato paulista da APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos). A notícia da entrada do Palestra Itália no Campeonato Paulista oficial foi comemorada entusiasticamente pelos italianos e descendentes.
A estréia no campeonato aconteceu no dia 13 de maio de 1916, no Estádio da Chácara da Floresta, contra a A.A Mackenzie College . O resultado desta primeira partida oficial foi empate por 1 a 1. Jogaram pelo Palestra: Fabrini; Grimaldi e Ricco; Fabbi II, Bianco e De Biase; Gobbato, Valle, Vescovini, Bernardini e Cestari. O gol palestrino foi marcado por Valle.
Em 1917, a equipe se reforça, com alguns jogadores vindos do Ruggerone, clube do bairro da Lapa, e outros vindo do futebol do interior de São Paulo, e já no seu segundo campeonato, o Palestra Itália termina na segunda colocação.
Neste campeonato acontece o primeiro confronto com aquele que se tornaria, ao longo da história, o seu maior rival, o Sport Club Corinthians Paulista. Na primeira partida desta história, o Palestra vence por 3 a 0 . Os três gols foram marcados pelo atacante Caetano Izzo.
O ano de 1920 foi importantíssimo para a história Palestrina. O clube compra, por 500 contos de réis, o Estádio do Palestra Itália, incluindo todo o terreno da área social. Neste mesmo ano, conquista o seu primeiro título de campeão estadual, batendo o então poderoso Paulistano, por 2 a 1, em partida extra, já que ambos terminaram o campeonato com o mesmo número de pontos.
O Bicampeonato e a excursão ao exteriorNo início da nova década o Palestra conquista, em 1921, a Taça Competência. Em 1922, o clube obtém a sua primeira conquista internacional, vencendo a Seleção do Paraguai, então vice-campeã sul-americana, por 4 a 1, e fica de posse da "Taça Guarani".
Em 1925, o clube realiza pela primeira vez na história dos grandes clubes brasileiros, uma excursão pela América do Sul, jogando na Argentina e no Uruguai.
Em 1926, o Palestra conquista o seu segundo título de campeão paulista. De maneira invicta, (9 partidas, 9 vitórias e 33 gols). Heitor Marcelino, que até hoje é o maior artilheiro da história do clube, foi o grande goleador deste certame, marcando 18 gols, com uma média de 2 gols por jogo.
Neste mesmo ano a APEA realizou o Campeonato Paulista Extra, também vencido pelo Palestra Itália. Na decisão do título, o clube vence o Syrio por 1 a 0.
Ainda em 1926, o Palestra Itália conquista a Taça Interestadual de Campeões SP-RJ, superando o campeão carioca, São Cristóvão, por 3 a 0.
No ano seguinte, 1927, o Palestra conquista pela segunda vez a Taça Competência e conquista também o seu terceiro título de campeão paulista da história. Em 1928, vence pela terceira vez a Taça Competência.
Em 1929, o Palestra Itália conquista a Taça Ronai Istivan, ao vencer o Ferencvaros da Hungria, por 5x2.
A Máquina de TítulosA década de 30 serviu para afirmar o Palestra Itália como um dos maiores clubes do cenário esportivo brasileiro. Começa com a conquista do campeonato paulista de 1932, de forma invicta, 11 jogos, 11 vitórias, 48 gols a favor e somente 8 gols contra .
Em 1933, com o advento do profissionalismo no futebol, realiza-se concomitante com o Campeonato Paulista, o primeiro campeonato de clubes profissionais. O Palestra vence os dois. É bi-campeão paulista e conquista o primeiro titulo do Torneio Rio-São Paulo.
No ano seguinte, 1934 , o clube conquista o Tri-Campeonato Paulista, ficando com a posse definitiva da Taça APEA.
O grande destaque de 1935 é a vitória contra o Botafogo-RJ, que garante aos palestrinos, pela segunda vez, a Taça Interestadual de Campeões SP-RJ.
Em 1936, o Palestra Itália conquista o sétimo título de campeão paulista. O título foi obtido em série melhor de três, diante do Corinthians. Foi a primeira vez que os grandes rivais decidiram o campeonato. Com duas vitórias e um empate, o Palestra foi campeão.
No ano de 1938, devido a Copa do Mundo disputada na França, a temporada fica dividida em duas fases e a Liga Paulista de Futebol organiza dois campeonatos paulistas, um dos quais é vencido pelo Palestra Itália, derrotando o Corinthians na finalíssima por 4 a 1.
Em 1940, o Palestra Itália inaugura o estádio do Pacaembu, goleando o Coritiba, por 6 a 2. No domingo seguinte, vence o Corinthians por 2 a 1, tornando-se campeão do torneio de inauguração do estádio, a "Taça Cidade de São Paulo". Com esta conquista, o Palestra Itália foi o primeiro campeão da história do Pacaembú.
Também em 1940, o clube conquista seu oitavo Campeonato Paulista, o primeiro campeonato da chamada "era Pacaembú". O clube alviverde vence o São Paulo FC por 4 a 1 na decisão do título.
A Mudança - O Palestra vira PalmeirasO Palestra Itália foi forçado a mudar de nome por ocasião da Segunda Guerra Mundial. O governo brasileiro, através do presidente Getulio Vargas, decretou que clubes e associações brasileiras não poderiam possuir nomes estrangeiros, sob pena severas, inclusive da perda do patrimônio. Esta penalidade, inclusive, fora aplicada a outras equipes que tinham nomes ligados a países componentes do eixo, na II Guerra Mundial.
Não havendo outra saída, o clube cumpre a lei. O Palestra Itália alterou seu nome, em março de 1942, para Palestra de São Paulo. Porém, a palavra "Palestra" ainda incomodava aos mais radicais. Em 14 de setembro de 1942, a diretoria do Palestra reuniu-se em sessão extraordinária para discutir a exigência dos mais radicais, insuflados por outros clubes adversários do Palestra, de mudança total do nome, ignorando o fato de Palestra ser uma palavra grega. Após horas de discussões, o Dr. Mario Minervino pediu a palavra e proferiu a frase que se tornou o lema da grande epopéia que ali se iniciava:
"Não nos querem Palestra! Pois seremos Palmeiras, e nasemos para ser campeões".
A agitação externa não afetou o desempenho técnico da equipe, que alguns dias depois decidiria o título de campeão paulista contra o São Paulo F.C.
O eterno Palestra saía de cena, mas adentrava o gramado do Pacaembu o gigante Palmeiras. Conduzindo a bandeira do Brasil, com garra e determinação, o time alviverde derrotou o adversário por 3 a 1 e faria mais, se o time são-paulino não tivesse abandonado o campo quando da marcação de pênalti para o Palmeiras.
O Palestra Itália morreu líder em 14 de setembro de 1942, e o Palmeiras nasceu campeão uma semana depois, no dia 20 de setembro . No ano seguinte, o Palmeiras vence o Flamengo, por 3 a 0, e conquista pela terceira vez a Taça Interestadual de Campeões SP-RJ.
Em 1944, o Palmeiras conquista mais uma vez o campeonato paulista, ao vencer o São Paulo F.C, por 3 a 1, no Pacaembú. Este é o décimo título paulista da história.
Em 1947, o clube conquista mais um título do campeonato paulista, e marca a ascensão de um jovem treinador que faria história no futebol brasileiro, Oswaldo Brandão. Brandão era jogador do time, mas contundiu-se e passou a treinador na mesma temporada. Não há outro caso de alguém ser campeão paulista como jogador e técnico no mesmo campeonato. Neste mesmo ano, o Palmeiras vence o Vasco da Gama e conquista pela quarta vez a Taça Interestadual de Campeões SP-RJ.
O Palmeiras foi, em 1949, o convidado de honra, para disputar na Catalunha a partida de comemoração do cinqüentenário do Barcelona FC.
No ano de 1950, comemorou-se o "Ano Santo", pela realização do Congresso Eucarístico realizado no Rio de Janeiro, e o Palmeiras conquista a Taça Cidade de São Paulo. Esta conquista é a primeira de uma série de cinco seguidas, entre 1950 e 1951, que ficaram conhecidas como "As cinco coroas".
A segunda coroa foi o Campeonato Paulista de 1950. Conquistado em jogo inesquecível contra o São Paulo F.C, no Pacaembú, em dia de chuva torrencial, o Verdão que jogava pelo empate e perdia o jogo por 1 a 0, conquistou o gol de empate, através do atacante Achiles, após um primoroso lançamento de Jair Rosa Pinto. O Pacaembu viu mais um volta olímpica do campeão Palmeiras. Partida esta realizada em 28 de janeiro de 1951. Foram 22 jogos com 13 vitórias, seis empates e três derrotas, 44 gols marcados e 21 sofridos. Confira a ficha da partida:
Palmeiras: Oberdan; Turcão e Oswaldo; Waldemar Fiúme, Luiz Villa e Sarno; Lima, Canhotinho, Aquiles, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Técnico: Ventura Cambon.
São Paulo: Mário; Savério e Mauro; Rui, Bauer e Noronha; Dido, Remo, Friaça, Leopoldo e Teixeirinha. Técnico: Vicente Feola.
Gols: Teixeirinha, aos 4min do primeiro tempo, e Achilles (foto), aos 15min do segundo tempo
Juiz: Alwin Bradley (ING)
Mascote Periquito - Sua escolha se deve, além de sua coloração verde, ao fato de a região onde está situado o clube ter sido uma área em que essas simpáticas aves faziam seus ninhos.
Uniformes O primeiro (utilizado em 1914);
Uniforme 1 (utilizado em 2006); e o
Uniforme 2 (utilizado em 2006)
PRÓXIMO: História do Palmeiras (Parte 2) a partir de 1951 até os dias atuais