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Do futebol gaúcho sairam grandes jogadores que pontificaram e marcaram época nos gramados de toda América do Sul e mesmo da Europa. O Rio Grande do Sul sempre foi o maior celeiro do futebol paulista, carioca, argentino e principalmente uruguaio.

Todavia, nenhum outro jogador teve o prestigio de Eurico Lara, prestígio conquistado pelos seus elevados dotes morais e técnicos. Ainda hoje, decorridos mais de 80 anos de sua morte, Lara continua a ser símbolo do jogador gaúcho. Era uma bandeira desfraldada, altaneira e esperançosa para os gremistas, quando a este clube defendia, e para todo o estado do Rio Grande do Sul quando o "scratch" gaúcho jogava.

Eurico Lara defendeu o gol do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense durante 16 temporadas (1920 a 1935) e foi campeão em 11 delas. Foi técnico dos juvenis no seu clube, onde teve oportunidade de preparar grandes jogadores. Foi juiz. Quando havia um jogo sensacional, em que dois quadros se esperassem excessos de combatividade que pudessem gerar atos de indisciplina, havia um remédio, uma garantia para o bom desenrolar do espetáculo: Lara seria o juiz. É que os jogadores todos, fossem de que clube fossem, admiravam, estimavam e, por isso, respeitavam Eurico Lara.

Neco no CorinthiansNasceu em Uruguaiana em 1898. Ingressou na vida Militar. Começou a jogar no clube local até que, a turma do Grêmio soube que, naquela cidade fronteiriça, "havia um goleiro que quando jogava o time não perdia". Foi visto pelos olheiros. De fato. Pessoal influente, o do Grêmio, conseguiu sua transferência para uma corporação em Porto Alegre. Lara, nessa ocasião, era anspeçada do Exército Nacional. Mais tarde chegou a Tenete, pois não poderia ficar surdo ao brado de "Rio Grande, de pé pelo Brasil", e acompanhou as forças revolucionárias que, em 1930 escreveram uma grande página da história pátria.

Ingressou no Grêmio em 1920, e nesse mesmo ano foi campeão. Em 1922 foi goleiro da seleção do Exército que venceu o campeonato entre as classes armadas, e nesse mesmo ano ainda obteria a consagração que redundou na profunda admiração que, até hoje tem por ele o público paulista, ao defender o pavilhão tricolor do scratch gaúcho no Torneio Preparatório para a escolha da seleção Nacional que disputaria o Sul Americano.

Lembramo-nos desse fato como se fosse hoje. Paulistas e gaúchos ima preliar no Parque Antártica. Quando surgiu a equipe dos Pampas, houve como que uma surpresa na multidão. O goleiro gaúcho era esquesito. Muito alto, magro, com caminhar lerdo e meio desconjuntado. Todos riram. Aquele é que iria se opôr aos terríveis chutes de Formiga, Neco, Friendereich, Tatu e Rodrigues? Qual ... não era possivel!

Começou o jogo. Logo no primeiro minuto ninguém mais pensou em achar graças. É que Fried, o grande Fried, ajeitara uma bola na altura do penalti e chutara-a violentamente no canto esquerdo. O público autmaticamente já estava de pé para ovacionar o tento que seria o início de uma grande série. El Tigre nunca perdera um arremesso naquelas condições. Os aplausos vieram ... mas para Lara que, como um tigre, um felino se enroscara pelo chão com a bola segura. Passou, daí em diante a centralizar todas as atenções. Os paulistas venceram por 4 x 2, porém, com que luta! Lara defendera mais de 20 chutes. Empolgou. Conquistou a platéia que, no final, invadiu o campo para carregá-lo aos ombros.

Pois bem, quando os jogadores foram escolhidos para a seleção nacional, Lara nem foi convocado, o que causou grande surpesa ao público paulista e carioca, pois os gaúchos também se exibiram nesta capital.

Foi campeão da cidade de Porto Alegre nos anos de 1920 a 1923, 1925, 1926, 1930, 1932, 1933 e 1935, e do Estado do Rio Grande do Sul em 1921, 1922, 1926, 1931 e 1932. Inúmeras vezes foi assediado por grandes clubes do Rio e de São paulo, para jogar nêles. Nunca lhe passou pela cabeça deixar o Grêmio.

Jogou sua última partida em setembro de 1935, para dar mais um título ao seu querido clube, o campeonato Farroupilha. Já se encontrava doente do coração e com ordem de repouso. Mas, o Grêmio precisava vencer aquele jogo contra o seu grande rival, o Internacional. A torcida gremista sabia que Lara não poderia jogar, portanto, quando ele surgiu no gramado, envergando sua tradicional camiseta azul e casquete vermelha, foi recebido com uma verdadeira ovação de todos os assistentes. O Grêmio venceu por 2 x 0.

Finalmente, a seis de novembro seguinte, menos de dois meses depois, Eurico Lara, o maior goleiro que o Brasil teve, exemplo de dignidade, técnica, amor ao clube, patriotismo, bondade, energia e coragem, ídolo dos desportistas, orgulho de sua família, vaidade dos gaúchos, falecia aos 37 anos na Beneficiência Portuguesa. O Rio Grande do Sul inteiro chorou, e o povo Portoalegrense como última homenagem ao seu ídolo, interrompeu o trânsito nas ruas para acompanhar o seu enterro.

Nota CF: Em 1953 foi criado o atual hino do clube pelo grande compositor Brasileiro, Lupicínio Rodrigues, que faz homenagem a Eurico Lara. Veja a letra do Hino "Até a pé nós iremos ..." e História do Grêmio.

Pesquisas de Sidney Barbosa da SilvaSidney Barbosa da Silva
Fontes: Almanaque dos Desportos, Ano 2, n° 11, de Junho de 1957; e Arquivo www.campeoesdofutebol.com.br.
Página adicionada em 19 de junho de 2019.