“Autogolo”, no português de Portugal, é o nosso tradicional “gol contra”. Não confundir com “autobol”, uma espécie de futebol jogado com carros e uma bola grande, cuja primeira partida foi disputada no Estádio Luso-Brasileiro
(ver nosso artigo sobre esse estádio), em 1970. No Brasil, bem que “autogol” podia ser o nome do gol contra de goleiro. De qualquer modo, os mais famosos são os seguintes.
16.03.1969, Maracanã, Vasco x Bangu. Após fazer uma defesa fácil, o goleiro vascaíno Valdir Appel (foto abaixo), ao girar o corpo para repor a bola em jogo, perdeu o equilíbrio e ela acabou entrando na própria meta. “Vocês podem registrar o gol, porque nunca mais vai haver outro igual. Sinceramente, quando olhei a bola dentro do gol, não acreditei que tinha feito aquilo. Para mim aquele gol não existiu, mas infelizmente tenho que ser realista. Não tive coragem nem de ir buscar a bola; cada vez que olhava para dentro do gol, parecia estar sonhando” (cf. Bindi).
Foto do gol contra de Valdir Appel em 1964.
Bem, Valdir errou na previsão. 1987, Grenal pela Copa União. Taffarel, após fazer uma defesa fácil para o colorado, quis repor a bola em jogo com tanta pressa que se atrapalhou e jogou-a nas próprias redes (cf. Emedê). Placar final, Grêmio 1x0.
Falando em gaúchos, tem esta outra história, contada por Jaime Codinotti a Lino Ceretta: o Guarany de Cruz Alta tinha um goleiro chamado João do Prado, que usava um boné durante os jogos. Certa vez, após uma grande defesa, o acessório caiu dentro do gol. Com a bola ainda nas mãos, foi pegar o boné e, assim, acabou marcando gol contra, é claro.
Também do Rio Grande do Sul é esta lenda contada por Sandro Moreyra e Luiz Mendes: Sacuri x Planaltino, no interior do estado. Pênalti para o Sacuri. Foi bater Zé do Efeito, cujo nome diz tudo, seus chutes eram indefensáveis. Bateu. E, para estupefação geral, o goleiro Berimbau defendeu. Quando o árbitro manda que Berimbau reponha a bola em jogo, o goleiro deu aquela tradicional quicada com a bola no chão. Pra quê! Provavelmente graças a um morrinho artilheiro, a bola pegou um efeito e pulou para dentro do gol. Mas é claro que o mérito foi atribuído a Zé do Efeito – e aí está a lenda.
Luiz Mendes, porém, diz que um lance semelhante aconteceu de verdade, num campeonato brasileiro. Atlético Paranaense e Goiás, em Curitiba, empataram em 1x1 e, pelo regulamento, teriam que disputar pênaltis. Na quinta cobrança do Atlético, por Oliveira, o goleiro Eduardo defendeu parcialmente. Mas a bola, ao quicar no chão, tomou efeito e entrou no gol.
O goleiro Dany Verlinden, do Brugge, conseguiu uma façanha mais bizarra ainda: um gol contra de bicicleta, em favor do Beveren. “Ainda busco resposta para o que ocorreu. Só sei que nunca fiz um gol tão fantástico” (cf. Bindi).