Futebol e Reggae, a paixão de MarleyA estátua plantada em frente ao Museu Bob Marley, em Kingston, na capital jamaicana, já diz tudo. Música e futebol eram as duas paixões do principal personagem da história do reggae. Basta ouvir I Shot the Sheriff, No Woman, No Cry ou Get up Stand up e entender o que ele fez pela música.
O futebol não ganhou contribuição tão grande, mas tinha cadeira cativa em seu coração. Era tão importante que, mesmo doente, um mês antes de morrer, ainda frequentava peladas. Também foi pelo futebol - mais especificamente por causa de uma contusão num jogo - que se decobriu o câncer que o matou em maio de 1981.
O futebol era sagrado e sábado sempre tinha jogo. Mesmo que para isso tivesse de entrar nos estúdios de chuteiras. Como a maioria dos jamaicanos, Bob Marley apaixonou-se pelo futebol depois que o Santos jogou um amistoso no país, em 1971.
O jogo na casa de Chico BuarqueMarley não economizava em equipamento. Quando esteve por aqui, o cantor e sua trupe desembolsaram 1.000 dólares em material, estreado no dia 19 de março numa partida no campo da casa de Chico Buarque, no Rio de Janeiro.
Nada mais emocionante do que vestir a camisa 10 do time em sua visita ao Brasil, em 1980. "Pelé"!, gritou feliz para depois explicar que jogava em qualquer posição. Os times da histórica partida foram rapidamente arrumados e ficaram assim: Bob Marley, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho, Chico e Jacob Miller de um lado; e do outro Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge - ainda "Jorge Ben") e mais quatro funcionários da gravadora.
A morte precoceMas o futebol não trouxe só alegria. Em entrevista à revista americana The Beat, a namorada Cindy Breakspeare conta que já em 1977 Bob Marley tinha um insistente machucado no dedão esquerdo. Naquele ano, levou um pisão de um jogador francês num bate-bola em Paris - há quem leve o incidente para Londres - e o ferimento piorou. Convencido a consultar um médico, Marley descobriu que estava com câncer. Começava pelo pé a doença que depois tomaria o fígado, o pulmão e o cérebro, e o mataria, em 11 de maio de 1981, aos 36 anos.
Pelada e BaseadoBob Marley sabia o que fazer com a bola. "Ele jogava muito bem", lembra Paulo César Caju, que o recepcionou em março de 1980 no campo de Chico Buarque. Este, que jogou na copa de 70, foi o mais festejado por Bob, que lhe disse: "Sou fã de seu futebol", ao que Paulo César respondeu, "E eu, de sua musica".
"Foi uma atuação surpreendente, com gols e muito oportunismo", continua Moraes Moreira.
Marley foi para o ataque e o placar foi de 3 a 0 para o seu time, com gols dele (documentado pela TV), de Chico Buarque e de Paulo César Caju.