A Copa do Mundo do Catar começa em pouco mais de duas semanas. A competição terá muita aposta garantida, já que reúne as principais seleções do planeta. O Brasil, que é um dos favoritos ao título entre apostadores, ao lado de França e Argentina, estreia no dia 24 de novembro, contra a Sérvia.

Mas, se a expectativa dentro do campo com a Copa é grande, fora dele a situação para a Fifa não é das melhores. Isso porque, a organização do torneio foi cercada de críticas por entidades ligadas aos direitos humanos. O problema ganhou um novo capítulo nesta semana.

As autoridades do Catar rejeitaram os pedidos de um fundo de compensação para trabalhadores migrantes mortos ou feridos durante os preparativos para a Copa do Mundo, com o ministro do Trabalho do país chamando a iniciativa de "golpe de publicidade".

O ministro do Trabalho, Ali bin Samikh Al Marri, disse à agência France Press que o Catar já está distribuindo centenas de milhões de dólares em salários não pagos e acusou os críticos do Estado do Golfo de "racismo". Marri ressaltou que o Catar já tem um fundo para lidar com mortes e ferimentos de trabalhadores.

"Este pedido de duplicação da campanha de compensação liderada pela FIFA é um golpe publicitário. Nossa porta está aberta. Lidamos e resolvemos muitos casos", afirmou o dirigente.

A Anistia Internacional e a Human Rights Watch lideraram demandas para que a FIFA e o Catar criem um fundo para trabalhadores equivalente ao prêmio de US$ 440 milhões da Copa do Mundo.

Grupos de direitos humanos acusam o Catar de subnotificação das mortes. O governo, no entanto, contesta os relatos de que milhares morreram em acidentes de obras ou de doenças relacionadas ao calor nas altas temperaturas do verão local.

A FIFA disse que há um "diálogo contínuo" sobre o fundo compensatório, mas no primeiro comentário público do governo, Marri disse que a proposta era impraticável. "Cada morte é uma tragédia", afirmou o dirigente, acrescentando: "Não há critérios para estabelecer esses fundos.

O Catar iniciou um Fundo de Apoio e Seguro aos Trabalhadores em 2018 para ajudar os trabalhadores que não foram pagos, que o ministro disse ter desembolsado US$ 320 milhões somente neste ano.

"Se há uma pessoa com direito a indenização que não a recebeu, ela deve se apresentar e nós a ajudaremos", explicou o dirigente tentando afastar qualquer tipo de crítica, e acrescentando que o Catar está pronto para analisar casos de mais de uma década atrás.

O Catar enfrentou uma enxurrada de críticas desde que foi nomeado como anfitrião surpresa da Copa do Mundo em 2010, e os ataques aumentaram este ano contra trabalhadores migrantes, liberdades LGBTQ e direitos das mulheres. No mês passado, o emir do Catar disse que o país estava enfrentando uma "campanha sem precedentes" de críticas.

Marri afirmou que os detratores ignoraram as reformas implementadas desde 2017 com a ajuda da Organização Internacional do Trabalho, uma agência da ONU. Marri acrescentou que alguns políticos estrangeiros usaram "padrões diversos" para fazer críticas ao país, como forma de atacar a escolha do local como sede da Copa.

A Organização Internacional do Trabalho disse nesta semana que os salários não pagos são a maior reclamação dos trabalhadores e que o principal desafio do Catar é aplicar suas leis de maneira eficaz e para todos os trabalhadores.

"Se o pagamento de um salário for atrasado por um mês, pagaremos com o fundo e tomaremos medidas", rebateu Marri, acrescentando que os proprietários de empresas acusadas de não pagar os salários corretamente serão punidas. Até o momento, 42 agências de recrutamento acusadas de exploração foram fechadas.

A Copa do Mundo começa no dia 20 de novembro, na partida inaugural entre Catar e Equador. A final está marcada para o dia 18 de dezembro, às vésperas do Natal.


Por Sidney Barbosa da Silva - Página adicionada em 03 Novembro 2022.