A história do futebol não é feita só pelos personagens que marcam gols históricos ou fazem defesas impressionantes. Tampouco apenas por treinadores e cartolas. Existem muitos outros profissionais que, sem tanto destaque, são fundamentais para o bom andamento de um clube ou de uma seleção de futebol. Um desses cargos é o de massagista. Mesmo sem tantos holofotes, alguns deles acabaram se tornando lendas no país do futebol.
Hoje, vamos relembrar a história de três grandes massagistas do futebol no Brasil: Pai Santana, Mário Américo e Nocaute Jack. Você lembra deles? Já ouviu falar nessas lendas do esporte bretão? Se você se considera amante do futebol, deve saber quem eles foram. Vamos lá:
Mário Américo, o mais famoso de todos
Mineiro de Monte Santo, Mário Américo faleceu em 1990, em São Paulo. Quando pequeno, seu sonho era ser músico. O esporte, no entanto, entrou em sua vida logo cedo, já que Américo tornou-se lutador de boxe na juventude, no fim da década de 30.
Foi também nessa época que começou a se aventurar no mundo dos massagistas. Mário Américo chegou à seleção e participou de sete Copas do Mundo. Entre 50 e 74, participou dos três primeiros títulos do Brasil (veja
nesta foto ele com a seleção campeã de 1958). Seu apelido no escrete canarinho era pombo-correio, pois era muito ágil em levar mensagens dos técnicos para os jogadores.
Além da seleção, Américo trabalhou em clubes como Vasco e Portuguesa. Uma das histórias que fez dele uma lenda aconteceu na final da Copa de 62, no Chile. Mário Américo roubou a bola da grande final. Quando a FIFA lhe obrigou a devolver a pelota, ele entregou uma réplica, trazendo para nosso país a bola original do bicampeonato.
Nocaute Jack, o sucessor de Mário Américo
Após a era Mário Américo, teve início na seleção brasileira a era
Nocaute Jack, que durou de 70 a 94. Jack viveu de 1923 a 2003, e faleceu no Rio de Janeiro, vítima de um ataque cardíaco.
Fanático por boxe, ninguém conhecia Nocaute Jack por seu nome de batismo, Abilio José da Silva. Era muito conhecido por sua amizade com os jogadores. Gérson, o Canhotinha de Ouro, recebia de Jack seus cigarros indispensáveis nos intervalos dos jogos. Já Branco, na Copa de 94, dedicou ao massagista o famoso gol de falta contra a Holanda.
Pai Santana, uma lenda no Vasco
Parece que, para ser massagista no Brasil, era preciso gostar de boxe. Além de Mário Américo e Nocaute Jack, outra lenda das massagens nos campos brasileiros também era ex-lutador. Pai Santana, lendário massagista do Vasco, chegou ao clube em 1953. Seu nome sempre esteve ligado ao cruzmaltino, mesmo com passagens por Botafogo, Fluminense e Seleção Brasileira.
Além de Massagista, Santana levava o nome de “Pai” por ser também pai de santo. Existem diversas histórias em São Januário de “trabalhos” feitos por ele, a favor do time carioca, em jogos decisivos nas décadas de 70, 80 e 90. Pai Santana morreu aos 77 anos e recebeu muitas homenagens de toda a torcida vascaína.
O futuro dos massagistas no Brasil
Outrora gloriosa, a função de massagista vem perdendo espaço para a tecnologia no futebol brasileiro. Os bons e velhos massagistas cada vez mais dividem – e perdem – espaço para fisioterapeutas e massoterapeutas. Nos grandes clubes, muitas técnicas inovadoras são aplicadas com auxílio de acessórios como
poltronas de massagens, rolos de massagem e
massageadores elétricos.
A possibilidade do desaparecimento da função do massagista no futebol fez com que profissionais de mais de 100 clubes brasileiros se unissem e, em 2015, criassem a Associação dos Massagistas Esportivos no Brasil. A iniciativa surgiu através de um grupo no WhatsApp e tem, entre outros objetivos, manter viva a história de lendas como Mário Américo, Nocaute Jack e Pai Santana.