Com mais de um século de história, o Club Athletico Paulistano é uma das mais tradicionais associações social, cultural e esportiva de São Paulo. Um Clube de renome que une em um mesmo lugar passado e presente, tradição e contemporaneidade.
HistóriaA idéia de levar o futebol ao Velódromo surge no final do século XIX, quando jovens da sociedade paulistana assistem a um jogo entre o Mackenzie College e o Internacional e têm a idéia de criar um time genuinamente brasileiro. Assim, no dia 29 de dezembro de 1900, é realizada uma assembléia para eleger a primeira diretoria da agremiação que receberia o nome de Club Athletico Paulistano (CAP).
O Clube teve sua primeira sede na rua da Consolação, onde se localizava o Velódromo. Na época, o ciclismo, o remo no rio Tietê e o golfe no Morro dos Ingleses eram os esportes mais praticados em São Paulo. O objetivo do novo clube era promover o futebol dentro do Velódromo, idéia que foi um sucesso nos primeiros 15 anos de história do CAP.
Os primeiros jogos de futebol do CAP acontecem ainda num campo improvisado, demarcado a cal, estacas e barbante. Vem, então, a primeira reforma. Um campo de futebol é construído no centro da pista de ciclismo, e uma arquibancada de madeira é erguida, no início com capacidade para abrigar 2 mil pessoas.
O time da época - formado por Olavo de Barros, Renato Miranda, Jorge Miranda (Tutu), Jorge Mesquita, Oscar Rocha, João da Costa Marques, Thiers da Costa Marques, Clóvis Glycério, Ibanez de Moraes Salles, Renato B. Cerqueira e Edgard de Barros - traja calções até os joelhos e blusa de mangas compridas, de abotoar, tudo branco. Na cintura, uma faixa vermelha, e na camisa, um emblema do clube. Enquanto o grito de guerra (o célebre "aleguá") leva os torcedores ao campo, as tardes de domingo no Velódromo tornam-se programa obrigatório para a sociedade paulistana.
O primeiro jogo oficial acontece em 3 de maio de 1902, entre o Paulistano e o São Paulo Athletic, ou SPAC, como era chamado o clube dos ingleses. O Paulistano perde, mas a derrota não impede que o time do Velódromo chegue à final do campeonato Casemiro da Costa (Campeonato Paulista), perdendo, porém, para o mesmo SPAC.
A revanche ainda demoraria três anos, mas marcaria o fim do reinado do São Paulo Athletic: em 1° de novembro de 1905, jogando no Velódromo pela Taça Álvares Penteado (Campeonato Paulista), o Paulistano vence o SPAC. Mas a alegria dura pouco. Com o fim do campeonato, Jorge Mesquita, o capitão do time, se desentende com a diretoria do Paulistano e deixa o Clube, atitude que é copiada por seus colegas. Os dissidentes filiam-se, então, à Associação Atlética das Palmeiras.
Nos anos seguintes, o futebol continua sem muito brilho no CAP. Em 2 de setembro de 1910, acontece o primeiro jogo internacional no Velódromo, com a visita ilustre do time inglês Corinthian Football Club, que veio jogar no Brasil a convite do Fluminense. No jogo contra o Paulistano, o time da casa perde de goleada: 5 a 0.
Uniforme do CAP divulgado pela Casa Fuchs (Uniformes dos clubes filiados à Liga Paulista de Footbal - Ano 1912).
A crise no Paulistano se agrava em 1915, ano do fim do Velódromo. Com poucos jogadores para contar história, o CAP sobrevive com apenas 30 sócios, mas dispostos a levantar o nome do Clube.
Manoel Carlos Aranha, o capitão do time, mais conhecido por Carlito, inscreve o time no campeonato de 1916. Mesmo no improviso, o CAP vence o primeiro jogo, contra o Santos, e depois consagra-se campeão da Taça Jockey Club.
A volta por cima com dinheiro emprestado, o CAP começa a construir sua nova sede, no Jardim América. O futebol também ganha força.
Depois de ganhar o Campeonato de 1917, o Paulistano conquista a Taça Jockey Club definitivamente. Em 1918, no ano da gripe espanhola, o CAP ganha o Campeonato de Futebol e, no ano seguinte, torna-se tetracampeão paulista - único Clube a ter esse título até hoje. Friedenreich (mais conhecido como El Tigre) e Rubens Salles são os grandes ídolos daquele time.
Em 1919, o Paulistano também fica com o título de campeão estadual e, em 1920, consagra-se campeão brasileiro de futebol interclubes. Três anos mais tarde, depois de já ter ameaçado seu afastamento por várias vezes, o CAP decide sair da APEA. Retornaria em 1924, depois da renúncia da diretoria da APEA, e sairia definitivamente em 1925, para formar uma nova entidade esportiva, a Liga de Amadores de Futebol (LAF).
Escudos acima são do ano 1928 (Fonte: Revista Mensal do CAP, de Dez 1928).
Escudo comemorativo centenário do clube (Revista do CAP, abril de 2000).
Apesar do caos fora do campo, 1925 entra para a história do CAP como um ano inesquecível para o futebol. É em 1925 que o time embarca para a Europa para enfrentar selecionados locais - é a primeira passagem oficial do futebol brasileiro pela Europa, uma viagem pioneira nas vitórias (apenas uma derrota) e nas organizações administrativas.
Prova disso é que a volta foi triunfal, com os jogadores sendo recebidos pelo presidente Artur Bernardes num banquete na sede do Fluminense, no Rio, e aclamados pelo povo nas ruas de São Paulo.
Em novembro de 1926, o CAP vence o primeiro campeonato pela LAF. Repete a proeza em 1927, mas não consegue ganhar no ano seguinte. Fora do campo, as coisas também não vão muito bem. Em 1930, os clubes da Liga reúnem-se para discutir a dissolução da entidade. Para o Paulistano, não há o que discutir, não há mais o que fazer para tentar moralizar o esporte em São Paulo. O Clube quer manter sua tradição amadorística, mas o profissionalismo caminha a passos largos.
A CBD, por exemplo, não reconhece a existência legal da Liga, o que impede que o Paulistano dispute jogos com clubes de outros estados e de outros países. O CAP anuncia, então, sua decisão: "Futebol, no Paulistano, é capítulo encerrado. Os jogadores poderão inscrever-se em outros times, continuando como sócios do Clube".
Termina, assim, a história do futebol profissionalizante no Paulistano. O esporte, no entanto, continua vivo no Clube por meio de seus campeonatos internos e interclubes, envolvendo várias categorias, desde fraldinha até veteranos.
O PAULISTANO HOJE
por Murilo Pessoa (Jornalista do CAP), em 07 de janeiro de 2006 (Texto abaixo)
Hoje, o Club Athletico Paulistano ocupa um quarteirão no Jardim América, onde os quase 28 mil associados podem usufruir de grandes eventos esportivos, culturais e sociais.
Na parte esportiva, o Clube tem um ginásio poliesportivo, 11 quadras de tênis de piso saibro, mais três quadras de tênis de piso sintético, um campo de futebol de grama sintética, um campo de futebol soçaite de grama sintética, academia, três quadras poliesportivas, uma quadra de deck-tennis e uma quadra de pelota basca, além de salas para prática de diversas artes marciais, jogos e ginásticas. Ainda temos um complexo aquático com uma piscina semi-olímpica, uma para treinamento, uma infantil e uma social. Temos ainda uma piscina coberta, aquecida, para a prática de hidroginástica. Há 41 cursos na área esportiva, de 28 modalidades diferentes.
O futebol é disputado diariamente por muitos jovens, como forma de recreação. Também há campeonatos internos da modalidade para sete categorias limitadas por idade. O CAP disputa ainda torneios interclubes, nos quais tem se destacado nas últimas temporadas.
Três anos se passaram, e após esse período, o CAP têm oferecido o melhor aos associados. Hoje, 22 de dezembro de 2008, o Departamento de Esportes zela igualmente pelas 38 atividades esportivas oferecidas pelo Clube, cada uma sob a coordenação de um sócio-responsável.
No site há um breve histórico das modalidades, a relação dos cursos oferecidos e a agenda de torneios e campeonatos. Em vários casos, há também uma lista de sites relacionados ao esporte ou, ainda, um link para o Centro Pró-Memória do CAP, com mais detalhes sobre o desenvolvimento da modalidade dentro do Clube.