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O grande poeta uruguaio Eduardo Galeano , certa vez exaltou as seleções de seu país, vencedoras do torneio de futebol nas Olimpíadas de 24 e 28. Eram times formados por atletas “operários e boêmios”, já que então, ainda não havia o profissionalismo no esporte. Operários e boêmios. Essa classificação cairia como uma luva para um time que desde 1935 engrandece o esporte gaúcho. Falo do Caxias, um clube que conta com uma das torcidas mais aguerridas e solidárias do nosso Estado. E agora falo de operários, como bem simboliza a engrenagem estampada na camisa de cor grená. Uma cor que embriaga, cor de vinho tinto, produzido nas parreiras da serra. Um dos mais bonitos uniformes do nosso Rio Grande. Bonito porque único, assim como a sua história.

GE Flamengo atual CaxiasEm 1935 surge o Grêmio Esportivo Flamengo, já exibindo as cores grená, azul e branco. No primeiro jogo contra o Juventude, o Flamengo vence por 3 a 1, escrevendo assim, o primeiro capítulo de uma rivalidade que até hoje divide a cidade de Caxias do Sul. Em 1951, o Flamengo inaugura a Baixada Rubra que seria o seu “alçapão” nos anos que viriam. Principalmente a partir de 54, quando o futebol caxiense começa a disputar o Campeonato Metropolitano, espécie de antecessor do nosso Gauchão. Nos anos de 69 e 70 o Flamengo é bicampeão do Interior.

Após uma infrutífera fusão com o co-irmão esmeraldino, esforço para tentar superar dificuldades financeiras, o clube volta com outro nome: Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias. O ano era 1975 e a moda era cabelo comprido e calça boca de sino. Para poder participar do Campeonato Brasileiro do ano seguinte, o Caxias constrói em tempo recorde, o estádio Centenário, no mesmo lugar onde se encontrava a Baixada Rubra. Começa então, um período tão rico como breve, quando o Caxias conquistou a honra de ser o primeiro clube do interior gaúcho a participar do Brasileirão. O jogo de estréia no novo estádio é contra o Inter, que ostentava o título de campeão brasileiro. Porém, o Caxias não se intimidou, vencendo por 2 a 1, gols de Osmar e Bebeto.

Adalberto Vilasboas dos Reis havia sido artilheiro do Gauchão por duas vezes pelo Gaúcho de Passo Fundo. Também conhecido como “Canhão da Serra”, Bebeto viveu intensamente esse momento mágico do Caxias. Esse moço de Soledade atuou no clube grená entre 76 e 79, sendo nesse período o principal goleador da equipe. Em jogo válido pelo Brasileirão de 77 contra o Flamengo no Maracanã, Bebeto deixou a sua marca , quando o Caxias só não venceu porque sofreu o gol de empate de um tal de Zico. Em 2003 Bebeto vai para o céu, provocando o desabafo de Bagatini, ex-companheiro de Caxias: “O Bebeto era um jogador agregador, que unia o grupo. Lembro que eu, o Felipão, ele e outros jogadores nos reuníamos nas escadarias do Parque Cinqüentenário para trocar algumas idéias”. Felipão? Sim, o condutor do penta na Copa de 2002 era um dos zagueiros do Caxias nessa época dourada.

Oriundo do Aimoré, Luis Felipe teve como técnico Sérgio “majestade do arco” Moacir Torres Nunes, que analisa o estilo do pupilo enquanto zagueiro: “Era tosco e viril, mas nunca desleal”. Cedenir, seu companheiro de zaga, era um jogador mais técnico e habilidoso, que compensava um pouco a afobação de Felipão. O auge desse esquadrão foi em 78, quando o Caxias treinado por Carlos Froner, ficou em décimo lugar no Brasileirão, invicto no estádio Centenário.

Campeão Gaúcho de 2000O tempo passou e um novo time digno de registro surgiu em 2000, quando o “falcão grená” sagrou-se campeão gaúcho, sobre o Grêmio de Ronaldinho. Gilmar, Jairo Santos, Emerson, Paulo Turra e Sandro Neves; Ivair, Titi, Maurício e Gil Baiano; Adão e Jajá. Esses foram os protagonistas dessa mais recente conquista. Iludido após uma batalha jurídica contra o Figueirense, na qual estava em jogo o acesso à série A do Brasileirão, o Caxias perdeu um pouco do seu rumo. Para piorar, o time caiu para a série C em 2005. Mas a torcida, formada na sua maioria por operários e boêmios, não deixa morrer o sonho indômito de reencontrar a felicidade. Felicidade que se torna ainda maior quando acompanhada por um prato de massa e um bom cálice de vinho. De preferência tinto, como a camisa do Caxias.


Lucio Humberto Saretta* Lúcio Humberto Saretta é escritor (autor de Alicate contra Diamante e outras histórias do esportes - Editora Maneco - Ano 2007) e mora em Caxias do Sul/RS  -  Email
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Página adicionada em 09/Janeiro/2009.